“Achei um sinal de Abril e um sinal de democracia” a condecoração de António Spínola com o grande colar da Ordem da Liberdade, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, à margem da inauguração do Museu Nacional da Resistência e da Liberdade, em Peniche.

O Presidente da República esclareceu que pediu a listagem dos ‘Capitães de Abril’ à Associação do 25 de Abril, onde constam nomes de “gente muito diferente que esteve unida naquele momento e depois desuniu-se em sentidos muito diversos e houve momentos em que houve ruturas”.

Spínola, que veio a integrar a Junta de Salvação Nacional, órgão que assumiu a liderança do país após a revolução do 25 de Abril de 1974, “rompeu em setembro de 74 e atuou contra aquilo que achava que era o curso da revolução”, manifestando a sua divergência.

Por isso, nas eleições de 1976, surgiram vários candidatos, um deles o militar de Abril Otelo Saraiva de Carvalho.

Na cerimónia de condecoração, realizada no verão, foi “sinal de pacificação” haver descendentes do General Spínola, do Marechal Costa Gomes e do Almirante Rosa Coutinho sentados lado a lado, ainda com “posições opostas”.

O historiador Fernando Rosas, que integrou a comissão responsável pela seleção dos conteúdos do museu, voltou hoje a demonstrar a sua “indignação” com a condecoração, que disse ter sido um “insulto”.