“As anciãs foram resgatadas graças à prontidão da força policial, que se destacou para o local logo que tomou conhecimento do caso”, declarou hoje à Lusa Carminia Leite, porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) na província de Maputo.

Segundo o comandante distrital da PRM em Muamba, Jossias Manhengue, quando as autoridades chegaram ao local, as quatro idosas já estavam no mato para serem linchadas por populares, que eram maioritariamente jovens que alegaram que as vítimas são responsáveis pelos problemas sociais que eles enfrentam.

“Durante a noite, nós não conseguimos prender ninguém do grupo que estava lá. Preferimos resgatar as anciãs para o comando distrital e no dia seguinte dirigi-me ao local pessoalmente para reunir-me com líderes comunitários e população”, explicou à Rádio Moçambique o comandante distrital de Muamba, avançando que as autoridades constatam que a população está a recorrer demasiadamente ao curandeirismo para fazer face aos seus problemas sociais.

“Mesmo quando adoecem, as pessoas aqui pensam logo no curandeiro e alegam sempre que há feitiçaria”, acrescentou.

As anciãs resgatadas foram levadas para um centro de acolhimento de idosos em Maputo.

O assassínio de idosos nas zonas rurais moçambicanas é um crime frequente e geralmente perpetrado pelos parentes, que os acusam de praticar atos sobrenaturais, responsabilizando-os por desavenças familiares e infortúnios.

Este episódio ocorre pouco mais de duas semanas depois de um total de sete pessoas, incluindo três agentes da polícia moçambicana, acusadas de pertencerem a uma rede de roubo de gado, terem sido enterradas vivas por populares no limite entre os distritos de Muamba e Maluana, na província de Maputo.