"Se cada peregrino degolasse um cordeiro, não haveria espaço suficiente", afirma Rabie Saleh, um sudanês que está na fila ante uma agência postal instalada ao pé da coluna de Lapidação de Satanás, uma das etapas do ritual do primeiro dia do Eid, além do sacrifício do cordeiro, de acordo com a AFP.

Degolar um ovino é para os muçulmanos uma forma de recordar o sacrifício de Abrãao e simboliza a submissão dos fiéis a Alá. A carne deve ser imediatamente compartilhada com a família, os amigos e os necessitados.

Durante séculos, os peregrinos degolavam durante o hajj (a peregrinação à cidade de Meca) um animal para depois distribuir carne entre os pobres. "Mas agora que os fiéis são milhões, se cada um tiver de degolar um carneiro, o processo iria demorar dias”, explica Mechaal Qahtani, um peregrino saudita de 33 anos, à AFP.

Assim, o Banco Islâmico de Desenvolvimento (BID), com sede na Arábia Saudita, colocou em operação um sistema de cartões. 

Este ano, por 460 riyales sauditas (aproximadamente 109 euros), as agências de correio espalhadas nos locais dos rituais encarregam terceiros de executar o sacrifício.

"Quando alguém compra o cartão, é enviado um pedido ao Banco Islâmico através do nosso sistema informático e um cordeiro é degolado no matadouro", explica à AFP Mansur al Malki, de 45 anos, que trabalha numa das agências postais sauditas.

A carne é a seguir cortada e distribuída às pessoas mais necessitadas em Meca ou enviada para países estrangeiros.

“E o peregrino pode acompanhar em direto este processo”, acrescenta Mechaal Qahtani, de 33 anos, que guarda com todo o cuidado o talão comprovativo do pagamento pelo sacrifício - ou não fosse esta a forma de ver a sua peregrinação ser considerada válida.

"Este papel prova que encarreguei a agência de sacrificar e depois de distribuir a carne de um cordeiro", disse.

"Disseram que irei receber um SMS a confirmar assim que um cordeiro for degolado", concluiu Mechaal antes de desaparecer entre a multidão de peregrinos de túnicas brancas que enchem os diferentes lugares sagrados em torno de Meca.

Antes da inovação tecnológica, explica Malki, "existiam cupons em papel, mas agora está tudo informatizado".