Kara-Murza foi selecionado entre três finalistas que haviam sido indicados pela Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa (PACE), órgão com sede em Estrasburgo.

A lista de candidatos ao prémio incluía a Coligação Arco-Íris – grupo de organizações que defendem os direitos da comunidade LGBTQ na Hungria – e o grupo ucraniano 5 AM, cujo objetivo é descobrir e documentar possíveis crimes de guerra e crimes contra a humanidade cometidos durante a invasão russa.

“Kara-Murza sobreviveu a duas tentativas de envenenamento, manifestou-se contra a guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia desde os seus primeiros dias e condenou as ações do Governo russo”, disse o presidente da PACE, Tiny Kox, sobre o vencedor.

Kox lembrou ainda que Kara-Murza está preso desde abril passado (depois de ter sido detido por ter “desacreditado” as Forças Armadas russas) e que as autoridades do seu país acabam de acrescentar às suas denúncias uma acusação de “alta traição” por criticar publicamente as autoridades russas no estrangeiro.

“É preciso uma coragem incrível na Rússia de hoje para enfrentar o poder”, sublinhou o presidente da PACE.

O prémio foi recebido pela mulher do laureado, Evgenia Kara-Murza, que mora com os três filhos nos Estados Unidos.

“Estou aqui porque há quase 20 anos me casei com um homem íntegro, um homem cuja honestidade, cujo senso de dever e honra é verdadeiramente inspirador, mas bastante difícil para aqueles que o amam”, disse Evgenia, quando recebeu o prémio em nome do marido.

Evgenia Kara-Murza leu ainda uma curta mensagem de agradecimento escrita pelo seu marido, na qual este reiterou que, além da agressão “brutal” contra a Ucrânia, Vladimir Putin lançou uma “guerra contra a verdade”.

O prémio Václav Havel foi criado em 2013 e os seus mais recentes vencedores foram, em 2021, Maria Kalesnikava, ativista bielorrussa e líder da oposição condenada a 11 anos de prisão, e, em 2020, a ativista saudita pelos direitos das mulheres Loujain Al Hathloul.

O prémio é entregue anualmente e consiste em 60.000 euros e um diploma.

Evgenia Kara-Murza anunciou hoje que o prémio em dinheiro será usado para ajudar as famílias dos presos políticos na Rússia.