Segundo avança a Agência Europeia da Guarda de Fronteiras (Frontex), em comunicado hoje divulgado, este aumento “significativo” das entradas de russos na UE foi provocado sobretudo pelos 30 mil cidadãos da Rússia que chegaram à Finlândia nos últimos quatro dias.

Estes cidadãos russos entraram na União Europeia com autorização de residência e vistos para os Estados-membros da UE ou que fazem parte do espaço Schengen, sendo que alguns deles têm até dupla nacionalidade.

Milhares de russos deixaram o país desde quarta-feira passada, dia em que o Presidente russo, Vladimir Putin, anunciou uma mobilização parcial para enviar cerca de 300.000 reservistas para combater a Ucrânia.

A Finlândia já anunciou que vai adotar uma “política estrita” para reduzir a emissão de vistos para russos que querem entrar no país, numa tentativa de conter a situação, explicando que o aumento de entradas está a causar “graves danos à posição internacional de Helsínquia”.

“A Frontex estima que o número de passagens ilegais da fronteira vai provavelmente aumentar se a Federação Russa decidir fechar a fronteira aos potenciais recrutados”, referiu a agência, acrescentando que o número de cidadãos que chega às fronteiras da UE vai aumentar ainda mais num curto prazo, “devido às incertezas” causadas pela mobilização militar.

A longo prazo, esclareceu, haverá “um crescimento de passagens ilegais nas fronteiras externas da UE com a Rússia e a Ucrânia, bem como um aumento das estadias ilegais na UE de cidadãos russos que já se encontram nos Estados-Membros”.

Desde o início da invasão russa da Ucrânia, em fevereiro, mais de 1,3 milhões de cidadãos russos entraram na União Europeia através das suas fronteiras terrestres.

No entanto, mais de 1.273.000 cidadãos russos regressaram à Rússia através das fronteiras terrestres com a UE.

No início de agosto, a Comissão Europeia evitou comentar um possível veto aos vistos de turismo para cidadãos russos, deixando a decisão aos Estados-membros.

A Finlândia e a Rússia partilham uma fronteira com cerca de 1.340 quilómetros, a mais longa entre todos os países da União Europeia.

Até agora, os turistas russos podiam entrar no espaço Schengen por via terrestre através da fronteira finlandesa, ao contrário doo que acontece nos países bálticos e na Polónia, que impuseram restrições mais rígidas para impedir essas entradas.

O Governo da Letónia declarou hoje um “estado de emergência preventivo” na fronteira do país com a Rússia face à eventual chegada em massa de russos a fugir da mobilização ordenada por Moscovo.

De acordo com o ministro do Interior letão, Kristaps Eklons, a situação ao longo da fronteira da Letónia com a Rússia e a Bielorrússia “está calma e sob controlo”, mas a declaração de emergência vai permitir que o serviço de guarda de fronteiras da Letónia reúna rapidamente mais recursos ou peça ajuda às forças armadas em caso de incidentes.

A mobilização tem provocado protestos e milhares de detenções desde que foi comunicada ao país por Putin, na sequência de uma contraofensiva das forças ucranianas que permitiu a Kiev reconquistar zonas que estavam sob controlo russo, no âmbito da guerra em curso na Ucrânia desde 24 de fevereiro deste ano.