Após a retirada de todos os civis com a ajuda da ONU na semana passada, “mais de mil” militares, incluindo “centenas de feridos”, permanecem nas galerias subterrâneas deste vasto complexo industrial, declarou Iryna Vereshchuk à AFP por telefone.

“Há feridos graves que exigem uma retirada urgente”, afirmou a vice-primeira-ministra ucraniana.

Iryna Vereshchuk também desmentiu a informação de que ainda haveria civis no complexo siderúrgico, passada por duas autoridades regionais.

“Isso não é verdade”, disse a vice-primeira-ministra, indicando que o líder do regimento Azov “afirmou oficialmente” a funcionários do Governo ucraniano e a um representante da ONU “que nenhum civil, nenhuma mulher, criança ou idoso permaneceu em Azovstal”.

O autarca de Mariupol, Vadym Boychenko, recusou-se a dizer se estava “100% certo” de que todos os civis de Azovstal foram retirados, enfatizando que “não é possível” verificar isso enquanto não houver um cessar-fogo duradouro.

Um assessor do autarca do município, Petro Andryushchenko, citado hoje pela imprensa local, declarou que pelo menos 100 civis ainda permanecem abrigados nas instalações do complexo siderúrgico de Azovstal.

As autoridades ucranianas estão agora “a trabalhar” na possibilidade de retirar militares feridos, pessoal médico e capelães militares da siderúrgica, enquanto esperam ajuda de organizações internacionais e da Turquia, segundo Vereshchuk.

“O pessoal médico quer retirar os feridos, porque estes devem estar acompanhados” no caso da abertura de um “corredor humanitário” da siderúrgica, acrescentou.

Segundo a responsável ucraniana, tal operação poderia “durar pelo menos uma semana”, dado o número de feridos que devem ser “transportados em macas”.

Os militares de Azovstal já pediram, repetidamente, a ajuda do Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, e Vereshchuk enfatizou que “a Turquia está a trabalhar muito de perto” com Kiev.

“[As autoridades turcas] realmente querem ajudar”, declarou, acrescentando que tal retirada poderia ser feita por mar com um barco turco equipado com um hospital militar.

A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro e a ofensiva militar provocou já a morte de mais de três mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.

A ofensiva militar causou a fuga de mais de 13 milhões de pessoas, das quais mais de 5,6 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.