“Já estamos a trabalhar. Espero que não existem obstáculos pelo caminho e vamos fazê-lo no mais curto prazo possível”, disse em declarações à televisão pública.

Axionov também previu que em 16 de outubro será possível retomar o tráfico rodoviário para camiões através desta ponte, a maior da Europa e que une o continente russo à anexada península da Crimeia.

Numa referência às viaturas particulares, calculou em uma hora o máximo tempo de espera devido à explosão ocorrida ao início da manhã de sábado na ponte de 19 quilómetros.

O mesmo responsável adiantou que quatro navios vão começar a operar na terça-feira para facilitar o tráfego através do estreito de Kerch, que une os mares Negro e de Azov.

Por sua vez, o vice-primeiro-ministro russo, Marat Jusnillin, adiantou que os damos sofridos nos pilares da ponte serão reparados no final desta semana, com turnos no local 24 horas por dia.

Jusnillin assegurou que o Governo russo procura uma alternativa ao transporte de mercadorias através dos territórios anexados do sul da Ucrânia, nas regiões de Kherson e Zaporijia.

A rota alternativa à ponte tem uma extensão de 359 quilómetros, dos quais 180 estão a ser reparados pelo Ministério dos Transportes da Rússia.

Um dos objetivos da campanha militar russa na Ucrânia consistiu em garantir um corredor terrestre entre território russo e a península, que depende dos cereais, água e energia elétrica provenientes do sul da Ucrânia.

O camião que explodiu no final da madrugada de sábado provocou um incêndio em seis tanques de combustível de um comboio de vagões-cisterna e provocou o colapso de duas secções da parte rodoviária da ponte, para além dos 1,3 quilómetros de via-férrea danificados.

A designada ponte de Kerch, declarada objetivo militar por Kiev, foi inaugurada em 2018 pelo Presidente russo Vladimir Putin, ao volante de um camião Kamaz.

No domingo, Putin acusou os serviços secretos ucranianos de “ato terrorista”, e ordenou bombardeamentos massivos contra as principais cidades do país vizinho, incluindo a capital Kiev e que ocorreram esta manhã.

Ainda hoje, e ao reunir-se com o Conselho de Segurança da Rússia, Putin ameaçou com novos bombardeamentos contra infraestruturas civis ucranianas caso se repitam os ataques de Kiev contra território russo, apesar de o ataque de sábado não ter sido reivindicado.

Em paralelo, Serguei Axionov admitiu hoje que os bombardeamentos massivos vão prosseguir nos próximos dias, num cenário qualificado pela ONU de “escalada inaceitável”.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas — mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,5 milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa — justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.