No ano letivo de 2019/2020, 9% dos alunos do 10.º ano não conseguiram terminar com sucesso, assim como 3% dos estudantes do 11.º ano e 13% do 12.º, segundo dados relativos aos cursos científico-humanísticos disponibilizados pelo Ministério da Educação trabalhados pela Lusa.

Analisando os últimos quatro anos, há uma melhoria progressiva ao longo do tempo, já que em 2016/2017, 16% dos alunos “chumbaram” no 10.º, 8% no 11.º e 28% no 12.º ano.

Mas o sucesso ainda não abrange todos os alunos e cerca de um terço dos alunos (33%) não consegue concluir os estudos nos três anos previstos. Mas comparando com o ano letivo de 2017/2018 verifica-se uma melhoria de dez pontos percentuais.

Em 2018, apenas 57% dos alunos dos cursos científico-humanísticos conseguiram terminar o secundário no tempo esperado, mas em 2020 a percentagem subiu para 67%.

Cada vez mais os alunos que conseguem fazer o secundário nos três anos e em 2019/2020 havia quatro estabelecimentos de ensino onde a taxa de sucesso foi de 100%.

Os dados destacam duas escolas públicas e dois colégios onde todos os estudantes concluíram o secundário sem reprovações: a Escola Básica e Secundária Padre José Augusto da Fonseca, em Aguiar da Beira, o Externato Senhora do Carmo, em Lousada, o Colégio Novo da Maia, na Maia, e a Escola Básica e Secundária de Arga e Lima, em Lanheses, Viana do Castelo.

As duas escolas públicas destacam-se ainda por terem taxas de sucesso muito superior ao esperado, tendo em conta alunos com um perfil semelhante à entrada no ensino secundário.

A média nacional de sucesso entre alunos como os da escola de Aguiar da Beira foi de 73%. Ou seja, o esperado seria que um em cada quatro estudantes da secundária Padre José Augusto da Fonseca acabasse por “chumbar” ou abandonar a escola durante o secundário, mas todos concluíram o seu percurso com sucesso.

No caso da escola de Viana do Castelo, a taxa nacional de sucesso entre alunos semelhantes foi de 80%, ou seja, 20 pontos percentuais abaixo.

Já nos colégios com 100% de sucesso, a diferença não é tão notória: as médias nacionais foram de 92% para alunos semelhantes aos do Externato Senhora do Carmo e de 90% no caso do Colégio Novo da Maia.

Na tabela surgem outros estabelecimentos de ensino onde o trabalho realizado na escola fez a diferença, como foi o caso da Escola Básica e Secundária Dr. Machado de Matos, Felgueiras. A taxa de sucesso foi de 94%, quando a média nacional de sucesso para alunos semelhantes chegou apenas a pouco mais de metade dos alunos (56%).

Apesar de o sucesso académico estar a melhorar, existem zonas do país que se destacam pela negativa, como é o caso da Área Metropolitana de Lisboa.

Em sete escolas, a maioria nesta região, metade dos alunos (50%) não conseguiu terminar o secundário no tempo esperado em estabelecimentos em Cascais, Amadora, Setúbal, Benavente e Idanha-a-Nova.

Num universo de 549 escolas analisadas, em 34 onde a maioria dos alunos não termina o secundário no tempo esperado e, mais uma vez, a maioria situa-se na Grande Lisboa.

Os dados mostram que 80% dos alunos do Alto Minho e Ave fizeram o secundário nos três anos, enquanto na Beira Baixa a taxa se ficou pelos 60% e na Área Metropolitana de Lisboa pelos 63%.

O município de Aguiar da Beira é o único com uma taxa de sucesso de 100%, tendo melhorado ao longo dos últimos três anos em análise.

Também quase todos os alunos (95%) de Oleiros e Trancoso conseguem terminar o secundário em três anos, assim como os estudantes de Paredes de Coura.

No fim da tabela surgem os municípios de Mértola (35% de sucesso), Terras de Bouro (41%), Vila Nova de Poiares (43%) e Óbidos (46%).

Um em cada dez alunos do ensino profissional abandona a escola

Um em cada dez alunos que frequentavam o ensino profissional abandonou os estudos em 2020 antes de acabar o curso, mas quase 70% das escolas conseguiram que os seus estudantes o terminassem no tempo esperado.

As conclusões resultam de uma análise feita pela agência Lusa, com base em dados divulgados pelo Ministério da Educação que permitem acompanhar o percurso dos alunos que em 2017/2018 seguiram do 3.º ciclo para o ensino profissional.

Num universo de 31.550 estudantes, cerca de 3.700 não chegaram ao final do curso e acabaram por abandonar a escola antes do tempo.

O número representa 12% dos alunos que tinham entrado no ensino profissional três anos antes, mas regista também uma ligeira descida de 0,7 pontos percentuais em relação ao ano letivo anterior.

Apesar desses casos, num universo de 695 escolas, a maioria (67,5%) conseguiu que pelo menos metade dos seus alunos terminasse o curso no tempo esperado.

Em 154 estabelecimentos de ensino, a taxa de sucesso foi de, pelo menos, 80% dos seus alunos, e houve até duas em que o feito foi conseguido por todos os estudantes: a escola Pedro Álvares Cabral, em Belmonte, e a escola António Nobre, no Porto.

Em sentido contrário, houve três escolas em que nenhum dos alunos concluiu, naquele ano, o curso no tempo esperado.

Comparando, por outro lado, com a média nacional das escolas cujos alunos tinham um perfil semelhante ao ingressarem no profissional, em termos de idade e de apoios, em mais de metade foram superadas, ou pelo menos igualadas, as expectativas.

Houve, no entanto, 239 escolas que ficaram abaixo da média nacional.

As bases de dados permitem ainda identificar as escolas que nos últimos três anos letivos estiveram sempre a melhorar as percentagens de alunos que conseguiram concluir os cursos no tempo esperado. Foram 223, enquanto em 42 o indicador piorou a cada ano letivo.

Através de um outro critério, introduzido no ano passado pelo Ministério da Educação, é igualmente possível fazer uma análise semelhante olhando para os alunos mais carenciados e em 2019/2020 houve um grupo de 124 escolas onde, pelo menos, metade terminou o curso em três anos e 90 que superaram a média nacional.

Neste caso, a média nacional é calculada tendo por base os alunos do país que, ao entrarem no ensino secundário profissional, tinham um perfil semelhante em termos de idade, apoios, habilitação da mãe e categoria da escola relativamente à percentagem de alunos com ação social escolar.

Essa comparação permite aferir o nível de “equidade” nas escolas, e a esse nível destaca-se o agrupamento de escolas Coimbra Oeste, que conseguiu que que 91% dos seus alunos com ação social escolar concluíssem o curso profissional nos três anos.

A nível nacional, foram apenas 55% os alunos com percursos semelhantes que conseguiram um feito semelhante.

No que toca a garantir o sucesso académico dos alunos carenciados, seguem-se no topo deste ‘ranking’ escolas de Fernão do Pó, Bombarral, e Coelho e Castro, em Santa Maria da Feira, onde quase nove em cada dez estudantes carenciados fizeram o secundário em três anos, fixando-se 30 e 28 pontos percentuais acima da média, respetivamente.

À semelhança dos anos anteriores, os cursos de Ciências Informáticas continuam a ser os mais populares, com mais de 15 mil estudantes, seguindo-se os de Hotelaria e restauração (cerca de 12 mil alunos), Áudiovisuais e Produção dos média, Desporto, e Turismo e lazer, estes três com mais de 10 mil inscritos em 2019/2020.

Por outro lado, os cursos ligados à Arquitetura e Urbanismo eram os menos aliciantes, com apenas 15 alunos), à semelhança das áreas do Artesanato (27 alunos) e Floricultura e jardinagem (33 alunos).