Merrick Garland, que também atua como procurador-geral, detalhou três casos em separado, os quais agentes de inteligência chineses assediaram dissidentes nos Estados Unidos, tentaram interferir na acusação de um gigante chinês das telecomunicações e pressionaram académicos americanos a colaborar com eles.

O casos mostraram que "o governo da China tentou interferir nos direitos e liberdades dos indivíduos nos Estados Unidos e sabotar o nosso sistema judicial que protege esses direitos", disse Garland.

"O Departamento de Justiça não tolerará as tentativas de qualquer potência estrangeira de sabotar o Estado de direito no qual se baseia a nossa democracia", disse em conferência de imprensa o principal responsável pela fiscalização do cumprimento da lei nos EUA.

As declarações de Garland foram divulgadas um dia após o presidente chinês Xi Jinping obter o seu terceiro mandato, um feito histórico na política comunista chinesa.

As autoridades de Washington atribuíram a Xi o esforço crescente da China durante a última década para roubar propriedade intelectual americana e tomar medidas contra os dissidentes políticos chineses residentes nos Estados Unidos.

Um dos casos, relacionado com assédio e pressão contra dissidentes, foi revelado na semana passada. Sete cidadãos chineses supostamente tentaram obrigar um residente americano a retornar à China. Duas pessoas foram presas, mas outras cinco, supostamente funcionárias de agências de inteligência chinesas, continuam foragidas, provavelmente na China.

No segundo caso, dois supostos agentes de inteligência chineses foram acusados de tentar obstruir uma ação americana contra uma empresa de telecomunicações chinesa. O documento de acusação não especifica o nome da companhia envolvida, mas os detalhes mencionados sugerem que seja a Huawei. Em 2019, a Huawei foi acusada de uma campanha sistemática de roubo de tecnologia americana.

O terceiro caso envolve membros da inteligência chinesa que se fizeram passar por académicos para recrutar agentes nos Estados Unidos.

"Nos três casos e, francamente, em milhares de outros, encontramos o governo chinês a ameaçar as normas democráticas estabelecidas e o Estado de direito enquanto tentavam minar a segurança económica dos Estados Unidos e os direitos humanos fundamentais", disse o diretor do FBI, Christopher Wray.