“Precisamos de um novo plano. É positivo que se continue a tentar reduzir [as emissões], a aumentar a reciclagem ou ter carros mais eficientes, mas não obtivemos sucesso nos últimos 30 anos e o aquecimento global será maior do que as previsões”, estimou.

Richard Garriot falava à agência Lusa em Nova Iorque na sede do Clube dos Exploradores, de que é presidente e no final da semana mundial dos oceanos que o clube organizou com a presença de vários especialistas.

Referindo que nesta semana foram apresentados projetos locais que comprovam que é possível restaurar ecossistemas marinhos, explicou que “nem todos os tipos de corais morrem, alguns sobrevivem em água mais quente e acidificada e, neste momento, já se está a trabalhar para encontrar estas espécies que sobrevivem para se replantarem novos tipos de corais”.

Por outro lado, o astronauta de 61 anos, que esteve no espaço em 2008, disse que há materiais que são raros na superfície da terra, como o aço ou o ferro, “mas que no espaço existem como rochas".

"Como cada vez mais os custos de ir ao espaço estão a baixar, podemos trazê-los para a terra”, disse.

Deu também o exemplo de metais como a platina, “muito rara na terra, mas muito comum no espaço” para dizer que o futuro do planeta também terá que passar por “trazer recursos do espaço, recursos que precisamos para resolver problemas”.

Clube de Exploradores, o guardião das bandeiras que foram ao espaço

O centenário Clube dos Exploradores de Nova Iorque guarda na sua sede objetos que marcaram a vida de exploradores famosos como as bandeiras que estiveram no espaço.

A sede do clube fundado em 1904 é guardiã de artefactos de exploradores e cientistas, desde as bandeiras norte-americanas levadas pelos astronautas para o espaço, luvas usadas para escalar o Evereste ou destroços de navios que serviram em expedições, mostrou à agência Lusa o seu presidente, o astronauta Richard Garriot.

Os seus arquivos serviram também de inspiração para os filmes da saga Indiana Jones do realizador Steven Spilberg, revelou.

Um rádio-amador equipado com uma câmara fotográfica que Garriot utilizou quando esteve no espaço também se encontra exposto neste edifício centenário. Em 2008, Richard Garriot, 61 anos, foi o sexto astronauta privado do mundo a ir ao espaço através da empresa Space Adventures, criada para promover o turismo espacial.

Atualmente com cerca de 3.000 membros espalhados pelo mundo, tem como lema a conquista do desconhecido e o acompanhamento do desenvolvimento científico.

Serem os “primeiros” é também outra palavra de ordem do clube.

Em homenagem aos cinco primeiros êxitos alcançados pelos seus membros, está colocada uma placa no ‘hall’ de entrada com o ano dos feitos e o nome dos líderes.

Em 1909, Robert Peary, Matthew Henson, o seu guia inuíte (população local) Ootah, e três outros inuítes chamados Ooqueah, Seegloo, e Egigingwah, chegaram ao Pólo Norte.

Em dezembro de 1911, Amundsen e a sua equipa tornaram-se os primeiros a chegar ao Pólo Sul. Em 1953 o nepalês Sherpa Tenzing Norgay e o neozelandês Edmund P. Hillary atingiram o cume do Monte Evereste, o pico mais alto do mundo.

Em 1960 foi a vez de ser atingido o ponto mais profundo do oceano, conhecido como fossa das marianas, pelo tenente da marinha americana Don Walsh e o engenheiro suíço Jacques Piccard.

Em 1969, os astronautas Neil Armstrong e Edwin "Buzz" Aldrin caminharam na Lua.

Atualmente, o antigo edifício é o local de reunião dos membros, que vêm de todo o mundo. Há apenas um português entre os seus membros, o surfista que surfou em 2018 a maior onda do mundo na Nazaré, Hugo Vau.

Esta semana, o tema foram os oceanos e o debate fez-se em torno de projetos que já estão no terreno de recuperação do meio marinho.

A iniciativa aconteceu a menos de um mês da realização da Glex, uma cimeira que reunirá 200 pessoas nos Açores, entre astronautas, especialistas em conservação da natureza, oceanos e exploração espacial.

Na Glex, a terceira que o clube coorganiza em Portugal com a empresa Expanding World, o tema será “What’s next” (o que virá a seguir).