“É, em primeiro lugar é uma rememoração muito útil da relação muito próspera que ao longo do tempo nós tivemos com Portugal, não só da independência para a frente, mas mesmo antes da independência, quando, por exemplo, o Brasil, foi considerado o Reino Unido de Portugal”, afirmou o ex-presidente brasileiro.

“A importância de rememorar é a de recordar os laços que nos unem a Portugal que são laços, derivados não apenas do facto de falarmos o mesmo idioma, mas quase em sermos a mesma pátria (…) Rememorar a independência do Brasil é rememorar a velha e antiga amizade que enlaça os nossos dois países”, acrescentou.

Falando sobre os seus laços com Portugal, o ex-presidente brasileiro citou ligações académicas que manteve com a Universidade de Lisboa e a relação amistosa que estabeleceu com o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa.

Para Temer, sua experiencia pessoal e também como governante mostram que a relação bilateral do Brasil com Portugal é muito sólida e fértil.

Questionado sobre o mal-estar causado por um convite do Governo brasileiro a Rebelo de Sousa, em julho passado, que acabou cancelado pelo Presidente, Jair Bolsonaro, devido a um encontro que o governante português teve em São Paulo com o ex-presidente Lula da Silva, Temer disse acreditar que não haverá problema quando os líderes de Portugal e do Brasil se encontrarem em 07 de setembro em Brasília.

“Eu não acredito. Confesso que estive com o Presidente Marcelo [Rebelo de Sousa], nessa ocasião e a primeira coisa que percebi é que ele jamais passou recibo [expressão brasileira quando alguém tenta vingar uma afronta] desse facto. Ele até me disse que viria para cá nas comemorações da independência”, afirmou Temer.

O ex-presidente brasileiro considerou que Bolsonaro foi muito influenciado pelo clima eleitoral no Brasil e, tendo Rebelo de Sousa visitado o seu maior oponente, desfez o convite.

“Não deveria, mas aconteceu. [Isto] está, penso eu, totalmente superado e tenho a absoluta convicção que o Presidente Marcelo [Rebelo de Sousa] vindo para o Brasil será rececionado não só institucionalmente pela Presidência da República, mas com muito afeto por todos os brasileiros e particularmente por mim”, frisou Temer.

Sobre a participação das Forças Armadas nas celebrações do bicentenário no Rio de Janeiro, onde Bolsonaro pretende fazer uma grande festa e convocou seus apoiantes para um ato de campanha, que tem sido interpretado como apropriação política de uma data importante para os brasileiros, Temer minimizou.

“Nós temos que tomar esta afirmação como um chamamento para a comemoração do bicentenário da independência. Acho que é assim que nós devemos interpretar e não, digamos, admitir outras espécies de interpretações. Eu, pelo menos prefiro interpretar dessa maneira. Quanto mais gente estiver nas ruas para comemorar o bicentenário da independência do Brasil tanto melhor”, disse o ex-presidente.

“Vou ser repetitivo, mas a interpretação deve ser de que estará muita gente na rua para comemorar a independência e não comemorar esta ou aquela eleição, ou este ou aquele projeto [político]”, concluiu.