“Acho que a presidência que o Brasil está assumindo agora e a conferência que vai se realizar aqui em Brasília é e está sendo vista como uma oportunidade de justamente reafirmarmos o compromisso do Brasil com a comunidade, com os seus valores, com os seus princípios e com os seus objetivos”, disse Paulo André Moraes de Lima.

O conselheiro respondia assim às declarações do Presidente da República português, Marcelo Rebelo de Sousa, que, em entrevista à televisão brasileira Globo News, disse ao Brasil que a “organização não está morta”, acrescentando: “Agora depende largamente do Brasil, porque Portugal aposta, mas o Brasil tem de apostar”.

Na ocasião, o chefe de Estado lembrou que “há uma candidatura brasileira ao Conselho de Segurança das Nações Unidas para daqui a poucos anos” e que “esta comunidade tem sido essencial nessas candidaturas internacionais”.

Para Paulo André Moraes de Lima, a presidência rotativa será também uma oportunidade para “apresentar um pouco a visão” que o Brasil tem “do que pode ser a comunidade”.

Questionado sobre essa visão, o chefe da coordenação-geral da CPLP na diplomacia brasileira esclareceu que o país vê a comunidade como uma “plataforma para projeção e defesa dos interesses comuns dentro do próprio espaço da CPLP e fora”, e também de “concertação” e de “cooperação em língua portuguesa”.

“É muito importante pensar que a CPLP é um organismo que tem uma presença fora da própria CPLP, em outros fóruns internacionais. Em muitos momentos, conseguimos assumir posições comuns em outros fóruns”, disse, lembrando que, por exemplo, o Brasil já “se beneficiou bastante disso” em caso de eleições para organismos internacionais.

Para o diplomata, essa concertação resulta de um esforço e de uma “boa vontade”, que se deve justamente a uma capacidade de articulação relacionada com o idioma.

“O idioma reflete uma série de laços históricos, políticos, económicos e geopolíticos que acabam contribuindo para que consigamos comunicar bem e chegar a acordos”, realçou.

O diplomata frisou que, apesar de “ser uma comunidade que une países distantes geograficamente” e com diferenças “muito significativas” em termos de desenvolvimento, o que “poderiam ser dificuldades”, conseguiu-se “ao longo dos últimos anos construir uma organização que tem uma dinâmica horizontal onde cada país tem a sua voz e é igual aos outros”.

O Brasil, sublinhou, valoriza muito essa horizontalidade e “a regra do consenso”, vendo “a CPLP como esse organismo singular que merece ser valorizado na sua singularidade”.

O maior país da CPLP assume, pela segunda vez, a presidência rotativa da organização na XI conferência de chefes de Estado e de governo, órgão máximo da entidade, que se realiza em Brasília na segunda e na terça-feira.

A CPLP congrega Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste e debruça-se sobre diferentes áreas de cooperação, como educação, saúde, defesa, agricultura, justiça, economia e língua.

Na cimeira que assinala os 20 anos da organização, será aprovada a Nova Visão Estratégica da organização e eleito um novo secretário-executivo.