O Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva ordenou a retirada dos garimpeiros ilegais da região, após declarar o estado de emergência sanitária, devido ao grave estado de desnutrição e doenças sofridas pelos indígenas, relacionadas com os materiais tóxicos utilizados na extração de ouro.

A retirada dos garimpeiros está a ser acompanhada pela Polícia Federal e Polícia Rodoviária, Força Nacional e conta com o apoio logístico das Forças Armadas.

O ministro negou que o Governo vá apoiar os garimpeiros que pediram ajuda, oferecendo-lhes transporte, por se tratar de uma “atividade criminosa”. “Vamos permitir que essas pessoas saiam pelos seus próprios meios, mas não haverá apoio para essa retirada”, disse o ministro numa conferência de imprensa.

Flávio Dino sublinhou que a saída dos garimpeiros “não é um caminho para a impunidade”, porque as investigações “continuarão” para os levar à justiça, alguns até pelo crime de “genocídio”, embora reconheça que é uma “situação política e social de alta complexidade” que requer “planeamento”.

Outro dos objetivos da operação, acrescentou o ministro, é “identificar” as pessoas que “financiam” o garimpo ilegal naquela região do país.

A declaração do ministro ocorre no momento em que lideranças do povo Yanomami denunciaram às autoridades o assassínio, no fim de semana, de três membros da comunidade durante a saída de garimpeiros ilegais das regiões de Haxi e Waphuta.

Entre 27.000 e 30.000 Yanomami vivem na vasta reserva, que ocupa cerca de 10 milhões de hectares e tem um perímetro de quase 3.400 quilómetros, e estima-se que pelo menos 15.000 garimpeiros ilegais se tenham instalado nessa região nos últimos anos.

Esse grupo de garimpeiros ilegais aumentou, incentivado por políticas promovidas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, apoiado pela extrema-direita, que promoveu atividades económicas na selva amazónica, apesar de serem proibidas em terras indígenas.

Lula da Silva, que assumiu o poder em 01 de janeiro, visitou a região e declarou a emergência sanitária ao encontrar milhares de indígenas com desnutrição grave, malária e outras doenças.