Rafael de Araújo, 30 anos, considerou que os militares, que hoje realizam performances aéreas, uma parada naval, tiros de canhão e outras atividades na orla de Copacabana, em simultâneo com o evento eleitoral convocado pelo Presidente brasileiro, fazem algo “normal”, justificando que os militares “estão aí para proteger a pátria e a maior representatividade deles é trazer segurança para o povo”.

Questionado sobre a possibilidade de uma intervenção militar em caso de derrota de Bolsonaro nas eleições presidenciais, cuja primeira volta está marcada para 02 de outubro, Araújo disse ser favorável, se “houver fraude” comprovada nas eleições.

“Com fraude nas eleições com certeza as Forças Armadas serão convocadas pelo povo brasileiro”, frisou.

Jorginete Martins, 53 anos, aplaudiu a participação dos militares no que chamou de “comício patriótico” de Bolsonaro, afirmando não ver problema que os militares estejam na campanha política.

A apoiante do atual Presidente brasileiro, que reiteradamente alerta para o risco de fraude no sistema de votação eletrónica, também concordou que os militares atuem nas eleições.

“Os militares poderiam intervir porque vai ter fraude. Conheço muita gente no exterior que são loucos pelo Lula da Silva, mas não sabem o que ele fez no Brasil”, defendeu.

Questionada sobre como a alegada fraude aconteceria no país, a apoiante do atual Governo argumentou que “muita gente quer o Lula da Silva no poder, ele nem deveria estar concorrendo porque é um ex-presidiário”.

“Os militares intervindo seria bom porque ia tirar do poder muita gente e, principalmente, os juízes do Supremo Tribunal Federal [STF]”, defendeu.

Já Fabio Rosa, 57 anos, disse que os eventos em Copacabana não são eleitorais, e sim atos cívicos.

“São dois eventos, o primeiro ponto é que são os 200 anos da independência do Brasil, isso foi reconhecido pela Rainha da Inglaterra hoje. O segundo ponto é que nós comemoramos 150 anos da Independência, em 1972, durante o regime militar, o povo foi para a rua da mesma maneira e, portanto, este não é um ato eleitoral, são atos cívicos”, defendeu Rosa.

O apoiante de Bolsonaro também frisou que “os militares são irrelevantes hoje, estão quietos há mais de 30 anos”.

Segundo Rosa, porém, o Brasil “vive uma ditadura do judiciário”.

“De facto, temos mais de 160 atos do STF tentando prejudicar o governo do Brasil. Nós estamos sendo oprimidos pelo judiciário”, disse.

“O Brasil está dividido entre a opressão e a liberdade. Estamos aqui pela liberdade. Gosto do Presidente e do Governo dele, mas não estou aqui pelo Presidente, mas pela liberdade”, concluiu.

As comemorações do bicentenário da independência do Brasil, que se assinala hoje, decorrem quando está em curso a campanha oficial para as eleições presidenciais brasileiras de 02 de outubro, com uma eventual segunda volta em 30 de outubro, às quais são candidatos, entre outros, Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo a média das sondagens divulgadas no Brasil, Lula da Silva lidera a corrida presidencial com mais de 44% das intenções de voto, seguido de Bolsonaro, que tem mais de 30% do apoio até ao momento.