“É uma das coisas com que o Presidente Joe Biden e o Presidente Xi Jinping concordaram durante o encontro no ano passado em São Francisco: temos de encontrar formas de tornar as nossas relações tão estáveis quanto possível”, disse Blinken, durante a reunião com líderes empresariais.

Segundo o comunicado emitido pelo Departamento de Estado norte-americano, Blinken acrescentou: “Temos de nos certificar de que a relação está a funcionar da forma que deve funcionar para benefício mútuo”.

“É importante que saibamos o que está a funcionar e o que não está, e também que possamos refletir quaisquer preocupações que tenhamos”, disse Blinken em declarações proferidas antes do início da reunião com os líderes empresariais.

O diplomata encontrou-se também hoje com o Secretário do Partido Comunista Chinês em Xangai, Chen Jining, que sublinhou a importância da cooperação entre os dois países para o “bem-estar dos dois povos” e para o “futuro da humanidade”.

“A relação nem sempre foi tranquila, houve altos e baixos, mas, em geral, progrediu e avançou com o desenvolvimento da História”, apontou o secretário do Partido Comunista em Xangai, segundo um comunicado emitido pelo Departamento de Estado norte-americano.

Referindo-se à cimeira em São Francisco e à recente conversa por telefone entre os líderes dos dois países, o político chinês sublinhou que estes encontros “constituem uma base muito importante para reforçar ainda mais os laços bilaterais”.

Blinken elogiou a evolução de Xangai como “centro económico e comercial” e sublinhou a importância do “envolvimento direto e contínuo” entre as duas nações.

“Temos uma obrigação para com o nosso povo e, de facto, uma obrigação para com o mundo, de gerir a relação entre os nossos dois países de forma responsável”, afirmou o Secretário de Estado norte-americano.

O facto de Blinken fazer a viagem é visto por analistas como um sinal de que as duas partes estão dispostas a discutir as suas diferenças.

Blinken aborda práticas comerciais chinesas em reuniões em Xangai

O Secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, abordou hoje, em Xangai, junto de funcionários do governo da "capital" económica da China, o que os Estados Unidos consideram ser práticas comerciais chinesas injustas.

Blinken "manifestou a sua preocupação com as políticas comerciais [chinesas] e as práticas económicas não mercantis", afirmou o Departamento de Estado, em comunicado.

Blinken sublinhou que os Estados Unidos procuram uma concorrência económica saudável com a China e "condições equitativas para os trabalhadores e as empresas norte-americanas que operam" no país asiático.

"As duas partes reafirmaram a importância dos laços entre os povos dos Estados Unidos e [da China], incluindo a expansão dos intercâmbios entre estudantes, académicos e empresários", acrescentou.

O excedente comercial multibilionário da China com os EUA, juntamente com as acusações de usurpação de propriedade intelectual e outras práticas consideradas discriminatórias para as empresas norte-americanas na China, têm sido fonte de fricção nas relações.

A China tem também levantado fortes objeções às acusações norte-americanas sobre violações dos Direitos Humanos e ao apoio de Washington a Taiwan, a ilha que Pequim considera ser uma província sua contra a qual ameaça usar a força para alcançar a reunificação.

Blinken chegou a Xangai na quarta-feira, pouco antes de o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, assinar um pacote de ajuda externa de 95 mil milhões de dólares (mais de 88 mil milhões de euros) que contém vários elementos suscetíveis de enfurecer Pequim, incluindo 8 mil milhões de dólares (7,4 mil milhões de euros) para contrariar a crescente agressividade da China em relação a Taiwan e no Mar do Sul da China.

Pequim tem-se insurgido contra a assistência dos EUA a Taiwan e condenou imediatamente a ajuda como uma provocação perigosa. Também se opõe fortemente aos esforços para forçar a venda do TikTok, a plataforma de partilha de vídeos detida por uma empresa chinesa.

"Penso que é importante sublinhar o valor - na verdade, a necessidade - de um compromisso direto, de falarmos uns com os outros, de expormos as nossas diferenças, que são reais, e de procurarmos ultrapassá-las", disse Blinken a Chen.

Chen disse esperar que Blinken obtenha uma "profunda impressão e compreensão" de Xangai, uma cidade repleta de arranha-céus, portos e mais de 25 milhões de pessoas que é um íman para jovens ambiciosos da China e do estrangeiro.

Os EUA manifestaram a preocupação de que o potencial excesso de capacidade das indústrias chinesas - como os veículos elétricos, o aço e os painéis solares - possa eliminar os fabricantes norte-americanos e estrangeiros.

Pouco após a sua chegada, Blinken assistiu a um jogo de basquetebol entre os Shanghai Sharks e os Zhejiang Golden Bulls, com a equipa da casa a perder nos últimos segundos por 121-120.

Com a corrida presidencial norte-americana a aquecer, não é claro quais as ramificações que uma vitória de Joe Biden ou do antigo Presidente Donald Trump poderá ter para as relações. Trump poderia aprofundar uma guerra comercial que iniciou durante o seu primeiro mandato. A sua retórica dura em relação à China e a sua abordagem isolacionista da política externa podem aumentar as incertezas.