“Esta foi a conclusão da nossa reunião. Pedir ao senhor primeiro-ministro, exigir do senhor primeiro-ministro o cumprimento integral das leis da Guiné-Bissau no que toca ao recenseamento eleitoral e à lei eleitoral”, afirmou Jorge Mandinga, APU-PDGB (Assembleia Povo Unido – Partido Democrático da Guiné-Bissau).

Jorge Mandinga falava aos jornalistas no final de um encontro, que durou cerca de três horas, que reuniu numa unidade hoteleira de Bissau os partidos sem assento parlamentar da Guiné-Bissau para debater o recenseamento eleitoral para as eleições legislativas previstas para 18 de novembro.

“Reunimos nesta sala com o fito de concertar posições para saber qual a nossa resposta perante a teimosia do senhor primeiro-ministro em não fazer a inclusão dos partidos sem assento parlamentar, no seguimento, acompanhamento, fiscalização do processo eleitoral. Sobretudo, do processo de recenseamento em curso com todas as falhas com que está a decorrer”, disse Jorge Mandinga.

O líder da APU-PDGB, que falava em nome de todos os presentes no encontro, disse também que hoje vão entregar uma nota de protesto ao primeiro-ministro guineense, Aristides Gomes, que dá um prazo de três dias para o primeiro-ministro responder se “aceita ou não aceita acatar as leis da Guiné-Bissau”.

“Daqui a três dias, se não for feita a inclusão dos nossos partidos nós vamos tomar as medidas necessárias, nomeadamente fazermos uma marcha de protesto para que toda a gente saiba que estamos indignados”, disse.

O primeiro-ministro da Guiné-Bissau vai reunir-se hoje no Ministério das Finanças em Bissau com os partidos com assento e sem assento parlamentar.

O Presidente José Mário Vaz marcou as eleições legislativas para 18 de novembro em abril, na sequência de uma cimeira extraordinária de chefes de Estado e de Governo da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) para ultrapassar o impasse político que se vivia no país desde 2015 e que incluiu também a nomeação de Aristides Gomes para o cargo de primeiro-ministro do país, bem como a reabertura do parlamento.

O processo eleitoral em curso na Guiné-Bissau tem provocado fortes críticas dos partidos sem assento parlamentar e da sociedade civil, que têm pedido que as legislativas sejam adiadas.

Em causa está, essencialmente, o recenseamento eleitoral que não decorreu entre 23 de agosto e 23 de setembro, como previsto, devido a atrasos na chegada dos equipamentos para recenseamento biométrico.

A Nigéria acabou por se disponibilizar para doar 350 ‘kits’ de registo biométrico, mas apenas 150 chegaram ao país, devendo os restantes ser recebidos nos próximos dias.

O recenseamento começou a 20 de setembro e deve terminar a 20 de outubro.

O Gabinete Técnico de Apoio ao Processo Eleitoral (GTAPE) está a fazer o registo de eleitores em todo o território nacional com apenas 150 ‘kits’.

Segundo dados divulgados hoje, desde 20 de setembro já foram recenseados cerca de 100.00 eleitores num universo que deve rondar os 900 mil.