A nomeação de Giuseppe Pignatone ocorreu dois dias depois de a polícia do Vaticano ter apreendido documentos e computadores da Secretaria do Estado.

Também foram alvo de busca os escritórios da agência de vigilância financeira do Vaticano, encarregada de sinalizar possíveis casos de lavagem de dinheiro e outras transações financeiras suspeitas.

A assessoria de imprensa do Vaticano recusou-se a comentar mais sobre as investigações, dizendo apenas que foram baseadas em um relatório do Banco do Vaticano e do escritório de auditoria geral sobre operações financeiras.

Segundo a revista L’Espresso as transações diziam respeito às propriedades imobiliárias do Vaticano em Londres. Na sequência desta investigação cinco funcionários do Vaticano foram suspensos preventivamente.

O jornal do Vaticano, L’Osservatore Romano, criticou a publicação, que incluía fotos e nomes das cinco pessoas. Num editorial de primeira página, indicando que a investigação mostrava que as reformas financeiras lançadas pelo Papa Bento XVI, há uma década, estão a funcionar.

Giuseppe Pignatone retirou-se em maio como procurador-chefe de Roma, onde liderou investigações sobre corrupção política e crime organizado, bem como a investigação da Itália sobre a morte suspeita no Egito de um estudante italiano.

Anteriormente, Pignatone tinha sido procurador em Palermo, Sicília e Reggio Calabria, onde lidou com importantes investigações anti-máfias na Cosa Nostra e na ‘Ndrangheta.

O Tribunal Criminal do Vaticano lida com crimes que ocorrem no território do Vaticano ou que envolvam diplomatas do Vaticano. O código penal é baseado no código penal italiano com elementos do direito canónico.

Alguns dos casos mais destacados do tribunal nos últimos anos envolveram os dois escândalos ‘Vatileaks’ de documentos da Santa Sé, a acusação do ex-presidente do hospital infantil do Vaticano por financiamento para reformas de apartamentos de um cardeal, e a condenação de um diplomata do Vaticano acusado de posse de pornografia infantil.

Mais recentemente, os procuradores deste tribunal recomendaram que dois padres do seminário juvenil do Vaticano fossem processados num caso de abuso sexual envolvendo jovens seminaristas.