A conferência de imprensa tinha gerado grande expectativa por ser a primeira intervenção programada de Greta Thunberg no âmbito da cimeira do clima, que decorre desde a semana passada em Madrid.

A jovem sueca referiu-se às experiências dos povos indígenas, “os mais expostos às alterações climáticas” e que têm de estar “em equilíbrio com a natureza”, e deu a palavra a outros jovens, que falaram de situações concretas dos seus países e denunciaram situações ligadas a interesses particulares de empresas e governos “que põem em perigo a segurança e estabilidade de milhões de crianças e jovens”.

O representante russo reconheceu que até há pouco tempo os jovens não sabiam nada das alterações climáticas, mas que a realidade das ondas de calor, as tempestades e as inundações os fizeram despertar.

“E convidamos aos dirigentes de todos os países a fazer o mesmo e a atuar”, disse o jovem, explicando que não é ativista pelo seu próprio futuro, mas sim pelo futuro da humanidade.

A representante do Uganda, visivelmente emocionada, recordou que os Estados pobres, e o seu em concreto, são os mais afetados pelas alterações climáticas, e pediu a todos para que lutem pela “justiça climática”, porque “pequenas ações” de alguns países “não é o suficiente”.

A ativista chilena referiu-se à sociedade do seu país para aplaudir a mensagem “de tantos milhares de pessoas que marcham pelas ruas em defesa da sua dignidade”, e denunciou as grandes corporações e interesses dos governos, “que alteram o clima em benefício” de uma minoria.

Nesta cimeira “temos pouco tempo, mas as soluções são simples”, alertou a ativista, exortando à defesa das comunidades indígenas, mais vulneráveis às alterações climáticas. A sabedoria ancestral desses povos, e os novos paradigmas sobre como se pode viver no planeta respeitando a natureza, devem ser escutadas, alertou.

O espanhol Alejandro Martínez insistiu que “a justiça climática se defende escutando vocês que são dos que mais sofrem” e sublinhou que esta é a primeira conferência da ONU sobre o clima (COP), na qual participa o movimento Fridays for Future. (Criado pela jovem sueca, que no ano passado começou a fazer greve às aulas todas as sextas feiras, sentando-se em frente do parlamento da Suécia a exigir mais medidas para combater as alterações climáticas. Hoje é seguida por milhões de pessoas).

“Enfrentamos a maior crise que existe, nunca tinha havido uma emergência desta magnitude, mas as anteriores crises não as solucionaram os governos, mas sim as pessoas”, afirmou.

É por isso que nesta sexta-feira “voltaremos a sair às ruas do centro de Madrid e à COP25 para exigir mais ambição, porque o objetivo de não superar os 1,5 graus no aumento da temperatura global não é atingido com os compromissos atuais”, avisou.