Entre as medidas decididas por António Guterres estão o cancelamento de reuniões, a paragem das escadas rolantes, limitações em viagens oficiais, divulgação de documentos adiada ou ar condicionado e aquecimento reduzidos.

Estas ações vão ser aplicadas nas instalações das Nações Unidas e nas suas operações em todo o mundo, de modo a enfrentar a pior crise financeira das Nações Unidas em quase uma década.

António Guterres disse, numa carta aos chefes de todas as entidades da ONU, que as medidas de emergência “vão afetar as condições e operações de trabalho até novas informações”.

O secretário-geral da ONU alertou no início da semana que a organização internacional pode ficar sem dinheiro até ao final deste mês, afirmando que estão a ser consideradas medidas para garantir o pagamento de salários até ao final do ano.

Guterres admitiu que o orçamento operacional da ONU regista, desde finais de setembro, um défice financeiro na ordem dos 230 milhões de dólares (cerca de 209 milhões de euros) e que “as últimas reservas de tesouraria podem esgotar até ao final do mês”.

Para garantir o pagamento de salários da estrutura da organização até ao final de 2019, têm de ser tomadas medidas, avançou ainda o representante.

“Até à data, os Estados-membros pagaram apenas 70% do montante total necessário para as atividades inscritas no orçamento ordinário de 2019″, indicou Guterres, referindo que “escreveu aos Estados-membros em 04 de outubro para lhes explicar que as atividades financiadas via orçamento ordinário estão num estado crítico”.

Não é a primeira vez que Guterres, que assumiu a liderança da ONU em janeiro de 2017, faz este alerta sobre a saúde financeira da organização internacional.

No verão de 2018, o secretário-geral disse, numa carta enviada aos embaixadores dos 193 países com assento na organização, que as Nações Unidas estavam perto de ficar sem dinheiro e em causa estavam “atrasos no pagamento” das contribuições devidas pelos Estados-membros.

Nessa altura foi avançado que dos 193 países apenas 112 tinham pagado as suas contribuições atempadamente.

Guterres falava então numa “situação financeira problemática” e que os recursos financeiros da organização nunca tinham estado num nível “tão em baixo tão cedo”.

O orçamento operacional das Nações Unidas para 2018-2019, sem contar com as dotações para as missões de manutenção da paz da ONU, ronda os 5,4 mil milhões de dólares (cerca de 4,9 mil milhões de euros).

Os Estados Unidos, cuja administração liderada pelo Presidente Donald Trump tem assumido uma postura dura e crítica em relação à organização, é o principal contribuinte da ONU, assumindo 22% das contribuições.