Fernando Filoni presidiu à inauguração oficial das novas instalações da Universidade de São José, em Macau, que juntou mais de 500 pessoas no auditório para assistirem à missa.

Macau, tal como Hong Kong, são os únicos locais em toda a China onde a autoridade do papa é aceite.

À margem do evento, o cardeal sublinhou aos jornalistas que o acordo “vai ser muito bom para a Igreja no futuro e para a China também”.

“A China já está muito aberta”, disse, “no comércio, na vida política, na realidade está muito aberta”.

“Quando eu vou a África encontro chineses em toda a África”, frisou o cardeal, depois da cerimónia de bênção das instalações e de uma missa celebrada no auditório da universidade.

Em português, o prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos lembrou que este acordo “não é político, não é diplomático é pastoral”.

O acordo, a ser implementado em dois anos e que põe fim a mais de 70 anos de antagonismo entre Pequim e o Vaticano, concede a Pequim uma palavra na nomeação dos bispos.

China e Vaticano romperam os laços diplomáticos em 1951, depois de Pio XII excomungar os bispos designados pelo Governo chinês.

Os católicos chineses dividiram-se então entre duas igrejas: a Associação Católica Patriótica Chinesa, aprovada por Pequim, e a clandestina, que continuou fiel ao Vaticano.

O Vaticano considera que é um direito seu nomear os bispos, visando preservar a sucessão apostólica que remonta aos apóstolos de Jesus Cristo. A China considera a exigência do Vaticano uma violação da soberania.

Devido à disputa, o regime chinês nomeou, ao longo das últimas décadas, vários bispos sem o consentimento do papa, alguns dos quais foram depois excomungados pelo Vaticano.

Os padres que se mantiveram fiéis ao Vaticano são frequentemente detidos ou perseguidos.

Francisco, e antes dele o papa Bento XVI, tentaram unir as duas igrejas, e anos de negociações culminaram num acordo, assinado em setembro do ano passado, que inclui o reconhecimento pelo Vaticano de sete bispos nomeados por Pequim, enquanto dois bispos da igreja clandestina terão que se afastar.

O texto provisório, que poderá ser revisto periodicamente, “é uma esperança para todos”, afirmou Fernando Filoni.

Em relação às possíveis dificuldades que possam surgir na prática deste acordo, o cardeal preferiu uma mensagem de confiança: “na vida há sempre dificuldades. Vamos estabelecer antes de tudo uma confiança recíproca e isso vai ser muito útil para o entendimento de todos”.

Já em relação ao facto dos alunos no interior da China não poderem estudar na Universidade católica de São José, o cardeal mostrou-se confiança que tal possa vir a aconteça no futuro.

“Isso pertence ao futuro, mas espero que sim”, afirmou, acrescentando que “esta estrutura universitária pode ser aproveitada por todos”

“A cultura não pode ser limitada a poucas pessoas ou a poucos lugares, uma cultura que não é aberta não é uma cultura”, considerou.

Em Macau desde sábado, o cardeal celebrou uma eucaristia na Sé Episcopal, no domingo, e presidiu a um encontro de sacerdote naquele que é um dos principais centros católicos da Ásia.

Antes, Fernando Filoni esteve em Taiwan, ilha com perto de 300 mil católicos e onde a Igreja católica desenvolve um importante trabalho educativo, médico e de solidariedade, onde presidiu na sexta-feira ao 4.º Congresso Eucarístico de Taiwan, como enviado especial do papa.

Segundo a Vatican News, Fernando Filoni falou sobre a importância da obra missionária, “tão necessária nesta ilha de Taiwan, onde a Igreja é uma pequena realidade, apesar de tantos anos de evangelização e tantas obras sociais e educacionais apreciáveis”.

Em meados de dezembro, a líder de Taiwan, Tsai Ing-wen, convidou o papa a visitar a ilha.

Este é o terceiro convite que Taiwan envia a Francisco para que visite a ilha, com perto de 300 mil católicos e onde a Igreja católica desenvolve um importante trabalho educativo, médico e de solidariedade.

Embora o Vaticano seja aliado diplomático de Taiwan, não é provável que Francisco aceite o convite das autoridades da ilha, devido às divergências políticas entre Taipé e Pequim, e à aproximação entre o Estado católico à China, que resultou na assinatura de importantes acordos este ano.

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