"Prevemos que os preços devem continuar a subir, daí esta revisão em alta da inflação, mas, naturalmente para que tal não aconteça, é necessário que nós continuemos com os esforços que vêm sendo feitos do lado da procura diante do controlo da liquidez em circulação na economia, que é responsabilidade do BNA" (Banco Nacional de Angola), disse hoje o seu governador, Manuel Tiago Dias.

O BNA decidiu hoje aumentos da sua taxa diretora, de 19% para 19,5%, e da taxa de juro da Facilidade Permanece de Cedência de Liquidez, de 19,5% para 20,5%, na tentativa de travar a inflação, decidiu manter a taxa de juro da Facilidade Permanente de Absorção de Liquidez em 18,5% e aumentar o coeficiente das reservas obrigatórias em moeda nacional de 20% para 21%.

O governador do BNA, que falava no final da reunião ordinária do Comité de Política Monetária (CPM) do organismo que tutela, assegurou também, em resposta aos jornalistas, que a alteração da taxa BNA não terá impacto na captação de financiamento externo.

"Claramente que não, porque Angola é uma economia aberta ao exterior e a dimensão das transações que o país realiza a nível dos mercados internacionais é extremamente limitada, por isso é que dizemos que é uma pequena economia aberta", sustentou.

"Estamos expectantes que as medidas que foram tomadas visando o aumento da oferta de bens essenciais na economia venham a surtir os efeitos esperados e, naturalmente, contribuir para a desaceleração de preços na nossa economia", disse.

A inflação em Angola voltou a aumentar em abril, pelo 12.º mês consecutivo, registando uma variação homóloga de 28,02%, um máximo de quase sete anos, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE).

A Folha de Informação Rápida (FIR) do Índice de Preços no Consumidor Nacional (IPCN) indica que esta variação representa um acréscimo de 17,61 pontos percentuais em relação à observada em igual período do ano anterior.

Em Luanda, capital do país, os preços dispararam 38,87%, um acréscimo de 28,77 pontos percentuais em relação ao período homólogo.

Em relação ao aumento do capital mínimo exigido pelo regulador às instituições financeiras (fixado em 15 mil milhões de kwanzas -- 16,5 milhões de euros), o vice-governador do BNA, Pedro Castro e Silva, deu nota que o banco russo VTB, "em situação particular devido às sanções norte-americanas, é o único em falta".

Daí que "estando nesta situação e tendo também uma carteira de depósitos em moeda norte-americana, não consegue operar com normalidade tal como operam os outros bancos, então, até que se resolva essa situação é normal que o banco continue a não fazer transações, incluindo o tema do capital social mínimo", justificou.

Questionado sobre possibilidade de o Banco Keve se tornar acionista do grupo alimentar Carrinho (que já detém o Banco de Comércio e Indústria), por este ter financiado o aumento do seu capital de forma indireta, Pedro Castro e Silva referiu que o assunto está em análise por parte da Autoridade Reguladora da Concorrência (ARC) angolana.

"O facto de (o Grupo Carrinho) já ter um banco e agora a possibilidade de ter participação num outro leva a que seja necessária uma análise por parte da ARC, e é nessa etapa em que se encontra esse projeto", respondeu aos jornalistas.

DYAS (RCR) // ANP

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