"A liberdade não se escreve sem jornalismo"
Edição por Beatriz Cavaca
Caso ainda não tenha reparado, hoje os jornalistas estão em greve contra os baixos salários, precariedade e degradação das condições de trabalho, como pode ser consultado no caderno reivindicativo aqui.
Durante o dia podem esperar-se concentrações em Coimbra, Porto, Ponta Delgada e Lisboa.
Até ao momento sabe-se que já são quatro dezenas de órgãos de comunicação social de todo o país parados a 100%, segundo o sindicato. Existem ainda uma dúzia de outros meios afetados de forma expressiva e a agência Lusa decidiu interromper o serviço.
O presidente do Sindicato dos Jornalistas (SJ), Luís Simões, espera uma "adesão muito forte" à greve, em protesto contra a precariedade, mas também "um grito de alerta" para apoiar o jornalismo antes que seja "tarde demais".
Mais ainda os “Jornalistas sem papel” subscreveram uma carta aberta, que alerta para os baixos salários e para a precariedade em que vive o setor. A missiva é assinada por 258 jornalistas, de meios como TSF, Lusa, Jornal de Noticias, Rádio Renascença, Sábado, Público, Porto Canal, SIC Notícias, Setenta e Quatro, Diário de Notícias, Expresso, 7Margens, Fumaça, A Voz do Operário, Açoriano Oriental, Antena 1, Renascença, Maisfutebol, Gerador, Correio da Manhã, TVI/CNN e também por vários 'freelancers'.
Segundo o inquérito às condições de vida e trabalho dos jornalistas em Portugal (2023), citado no documento, cerca de um terço do setor recebe, mensalmente, entre 701 e 1.000 euros líquidos, 15% dizem ser alvo de assédio moral e quase metade tem níveis elevados de esgotamento.
Os jornalistas sublinharam ainda que uma redação precária “perde a capacidade de definir o seu critério editorial” e que sem a contratação de mais profissionais, há menos reportagens e investigação. A isto soma-se a “constante exigência de híper produtividade”, que desvirtua o jornalismo.
“Baixos salários e precariedade impedem-nos de ter uma vida digna. É tempo de exigir condições justas para fazermos jornalismo de qualidade. Juntamo-nos ao apelo da greve dos jornalistas. Parem connosco”, lê-se no documento.
Como forma de assinalar este dia de protesto, a redação do SAPO24 preparou um conjunto de conteúdos alusivos ao momento, nomeadamente, um explicador sobre os apoios e programas que existem disponíveis na Europa.
No site estão ainda disponíveis vários textos de opinião sobre a importância da profissão para diversos setores, entre eles: Direitos das mulheres, Literacia em saúde mental, Cultura e Direitos Humanos.
Façamos a pergunta: porque é o jornalismo essencial para os direitos das mulheres? A resposta é mais alargada: o jornalismo é crucial para mantermos os direitos de todos nós. Os conquistados e os por adquirir. O desempenho ético do jornalismo radiografa a sociedade, promove o debate de ideais, desvenda realidades, reproduz pensamentos diversificados. Esta é a essência do jornalismo: ser capaz do relato multidimensional e sem emitir opinião. É difícil de praticar? Sim, cada vez mais. Continuar a ler
Historicamente, o jornalismo tem-se desenvolvido a par da democracia ou esta com ele. O jornalismo representa a divulgação de informação e a criação de formas de acesso à mesma, ponto fundamental de uma democracia madura: a premissa de que todos temos acesso à informação livre, clara e verídica. Quando existe turbulência no mundo do jornalismo, estas funções ficam condicionadas e com elas as notícias, investigações e opiniões de quem jornalisticamente trabalha. Continuar a ler
Estou solidária com a luta dos jornalistas, que nunca deixaram de estar também eles — apesar da vida profissional difícil que têm — solidários e preocupados com a cultura. Continuar a ler
Face à gritaria política desta semana pós-eleitoral, precisamos de um jornalismo rigoroso que proteja os direitos humanos, que investigue e esvazie o populismo, que denuncie os que mentem, os que fazem birra para alcançarem a todo o custo um poder que não lhes foi dado nas eleições. Continuar a ler