“O que distingue a família social-democrata, os militantes e simpatizantes do partido, não é a origem das suas raízes, o continente ou as ilhas, o campo, a cidade, a vila ou a aldeia, o interior ou o litoral, a planície ou a serra”, defende Cavaco Silva numa entrevista ao jornal Público a propósito dos 50 anos do PSD, hoje divulgada.

No mês passado, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, criou uma polémica num jantar com jornalistas estrangeiros, ao dizer que o estilo do primeiro-ministro, Luis Montenegro, é "completamente diferente" do líder do anterior Governo, António Costa, pois "é uma pessoa que vem de um país profundo, urbano-rural, urbano com comportamentos rurais".

Dois dias depois, instado a explicar por que associou Luís Montenegro a "características rurais", Marcelo Rebelo de Sousa respondeu que vê no atual primeiro-ministro uma ligação ao "PSD profundo, que é um PSD de base rural-urbana".

No seu entender, "o primeiro-ministro vem dessas raízes do PSD, apesar de ser muito mais novo, tem muito a ver com essas raízes".

Hoje, ao Público, Cavaco Silva defendeu que o que distingue a família social-democrata não é a origem das suas raízes, mas sim “o interclassismo”.

“Nele se juntam, em defesa dos princípios e valores da social-democracia, operários, trabalhadores rurais, pescadores, empresários, agricultores, comerciantes, funcionários públicos, de instituições sociais e do setor privado, artistas, cientistas, profissionais liberais, jovens e idosos, numa convergência de ideias sobre o futuro de Portugal e na esperança de concretização dos seus sonhos pessoais”, afirmou.

Cavaco Silva lembrou ainda: “Recordo que a primeira sessão de esclarecimento que fiz nos primórdios do PSD sobre o projeto social-democrata, a pedido da direção do partido, foi para uma assistência de pequenos comerciantes de Lisboa numa sala no Largo do Rato.